Gossip é uma linguagem orientada a objetos no estilo de Smalltalk (o nome é uma brincadeira com o nome dessa outra linguagem), mas com uma sintaxe parecida com a de Java/JavaScript. Apesar de ser poderosa o bastante para se programar nela, sua simplicidade a torna mais indicada para fins pedagógicos.
class | true |
var | false |
def | this |
new | null |
while | break |
if | return |
else |
- | # | |
* | / | |
+ | - | .. |
< | <= | |
== | ||
&& | || | |
! |
Qualquer sequência de letras, dígitos e o caractere _ (underscore), começando por letra ou _ (underscore).
Decimais sem sinal e parte científica opcional com ou sem sinal (Exs: 2, 3, 4.5, 2.29E-5, 2.32, 5E2, 10.2E+4). Isso implica que números como -5 e +3 são dois tokens!
Cadeias de caracteres literais são delimitadas através do uso de aspas duplas, não podem ter quebras de linha, e podem ter as seguintes seqüências de escape no estilo de C: '\n' (quebra de linha), '\r' (retorno de carro), '\t' (tabulação horizontal), '\\' (barra invertida) e '\"' (aspas duplas). Qualquer outro uso de uma barra invertida dentro de uma cadeia não é permitido.
Comentários começam com /* e terminam com */ (não podem ser aninhados).
= | [ | ] | ( | ) | { | } | , | ; | . |
Um parser recursivo pode ser
construído facilmente para essa gramática ela, mas requer fatoração (ou uso de
truques) nas regras lvalue
e
methodcall
, além, é claro, da eliminação de
recursão usual na regra exp
(ou uso de um parser
recursivo de precedência de operadores para essa parte da gramática).
gossip ::= {class-decl} class-decl ::= CLASS ID '{' {member-decl} '}' member-decl ::= var-decl | method-decl var-decl ::= VAR ID ';' method-decl ::= DEF ID '(' [param-list] ')' '{' {cmd} '}' param-list ::= ID {',' ID} cmd ::= '{' {cmd} '}' | IF '(' exp ')' cmd [ELSE cmd] | WHILE '(' exp ')' cmd | BREAK ';' | RETURN exp ';' | lvalue '=' exp ';' | methodcall ';' | VAR ID ';' | VAR ID '=' exp ';' | ';' lvalue ::= ID | simple '[' exp ']' simple ::= atom {suffix} atom ::= THIS | NULL | FALSE | TRUE | NUMBER | STRING | ID | '(' exp ')' suffix ::= '.' ID '(' [exp-list] ')' | '[' exp ']' methodcall ::= simple '.' ID '(' [exp-list] ')' exp ::= simple | NEW ID '(' [exp-list] ')' | exp binop exp | unop exp exp-list ::= exp {',' exp} unop ::= '-' | '!' binop ::= '+' | '-' | '*' | '/' | '&&' | '||' | '<' | '<=' | '==' | '..'
Gossip é uma linguagem com escopo léxico, ou escopo de bloco; o corpo da classe conta como um bloco para efeitos de escopo, mas as variáveis nesse caso são variáveis de instância do objeto em questão. Variáveis que não foram declaradas em nenhum escopo são assumidas como globais, e são visíveis em qualquer método. Como exemplo de aplicação dessas regras, veja o programa abaixo:
class Foo { var x; def bar(y) { var z = y; if(x > 0) { /* campo x */ var y = 2; out.print(y); /* y local do if */ } else { out.print(y); /* parâmetro y */ } /* out é uma global */ } }
O compilador Gossip deve fazer as seguintes checagens estáticas:
não se pode ter duas variáveis com o mesmo nome no mesmo nível de
escopo; não se pode declarar dois métodos com o mesmo nome em
uma mesma classe; não se pode ter duas classes com o mesmo nome; não
se pode usar o operador new
em uma classe não existente
(mas a classe pode ser declarada em qualquer ponto do programa);
apenas uma classe no programa pode ter um método chamado
main
. O analisador deve poder receber uma lista de
classes "pré-definidas".
O espaço de nomes de variáveis e de classes é diferente, ou
seja, pode-se ter uma classe chamada Foo
e uma variável
chamada Foo
que não há conflito (lembre que as classes só
são usadas no operador new
).
Cada método de cada classe de um programa Gossip deve ser
compilado para uma função Lua com o nome
NomeClasse_NomeMétodo
. O registrador 0 do
método é sempre this
, e os argumentos
recebidos pelo método ficam nos registradores seguintes
(primeiro argumento no registrador 1, segundo no registrador 2, e
assim por diante).
A função main
do programa assembler deve registrar
todas as classes e métodos, e rodar o programa indicando qual
classe tem o método main
. Existem funções
auxiliares (acessadas via GETGLOBAL
) para isso. A função
__GOSSIP_CLASS
recebe o nome de uma classe e a
registra. A função __GOSSIP_METHOD
recebe o nome de uma
classe, o nome de um método, e o método em si (criado
usando CLOSURE
) e o registra. A função
__GOSSIP_RUN
recebe o nome de uma classe (que deve ter um
método main
), instancia um objeto dessa classe e
executa seu método main.
Por exemplo, seja o programa a seguir:
class Foo { def foo() { return "foo"; } } class Bar { def main() { var foo = new Foo(); out.print(foo.foo()); } }
Ele deve ser compilado para o seguinte programa assembler (corpos dos métodos foram omitidos):
function Foo_foo: ; corpo de foo da classe Foo RETURN R0 1 function Bar_main: ; corpo de main da classe Bar RETURN R0 1 function main: ; Registro da classe Foo GETGLOBAL R0 __GOSSIP_CLASS LOADK R1 Foo CALL R0 2 1 ; Registro do método foo da classe Foo GETGLOBAL R0 __GOSSIP_METHOD LOADK R1 Foo LOADK R2 foo CLOSURE R3 Foo_foo 1 CALL R0 4 1 ; Registro da classe Bar GETGLOBAL R0 __GOSSIP_CLASS LOADK R1 Bar CALL R0 2 1 ; Registro do método main da classe Bar GETGLOBAL R0 __GOSSIP_METHOD LOADK R1 Bar LOADK R2 main CLOSURE R3 Bar_main 1 CALL R0 4 1 ; Execução do programa GETGLOBAL R0 __GOSSIP_RUN LOADK R1 Bar CALL R0 2 1 RETURN R0 1
Lembre-se de passar o número correto de parâmetros para
CLOSURE
, e que this
conta como um parâmetro.
Declarações de variáveis de classes não geram nenhum
código. Declarações de variáveis locais var id;
devem gerar um LOADNIL
no registrador correspondente.
O corpo dos método sempre deve terminar com uma instrução
RETURN R0 1
, com o resto dos comandos compilados em
sequência antes dele. A geração de código para a maior parte dos
comandos é semelhante à de TINY.
methodcall : simple '.' ID '(' exp_list ')'
A geração de uma chamada de método usada como um comando, dada pela produção acima, segue o seguinte esquema (você deve reservar Rx, R(x+1), etc. antes de gerar o código das subexpressões):
<código para simple em Rx> SELF Rx Rx <nome do método> <código para primeira exp de exp_list em R(x+2)> <código para segunda exp de exp_list em R(x+3)> ... CALL Rx <tamanho de exp_list + 2> 1
A geração de uma atribuição lvalue '=' exp
quando
lvalue
é um ID
é depende do
tipo de escopo da variável. Se ela for global, o código gerado deve
ser o seguinte (você deve reservar o temporário Rx):
<código para exp em Rx> SETGLOBAL Rx <nome da var>Quando a variável é do objeto, o código gerado deve ser o seguinte (você deve reservar o temporário Rx):
<código para exp em Rx> SETTABLE R0 <nome da var> Rx
Finalmente, uma variável local é como em TINY:
<código para exp no registrador da var>
Quando lvalue é uma indexação
simple '[' exp ']'
a atribuição segue o seguinte
esquema (você deve reservar os temporários Rx, Ry e Rz antes de gerar
o código das subexpressões):
<código para simple em Rx> <código para exp da indexação em Ry> <código para exp da atribuição em Rz> SETTABLE Rx Ry Rz
A geração de um atom
para um alvo Rx depende do átomo
específico:
; NULL LOADNIL Rx Rx ; THIS MOVE Rx R0 ; TRUE LOADBOOL Rx TRUE 0 ; FALSE LOADBOOL Rx FALSE 0 ; NUMBER LOADK Rx <número> ; STRING LOADK Rx <string> ; ID - variável global GETGLOBAL Rx <nome da var> ; ID - variável do objeto GETTABLE Rx R0 <nome da var> ; ID - variável local MOVE Rx R<reg. da var> ; '(' exp ')' <código para gerar exp em Rx>
A geração de um simple
composto por outro
simple
e um suffix
depende do tipo do
sufixo. Se for um sufixo de chamada de método e o alvo é
Rx o código tem o seguinte esquema (você deve reservar
Ry, R(y+1), etc. antes de gerar o código das subexpressões):
<código para lado esquerdo em Ry> SELF Ry Ry <nome do método> <código para primeira exp de exp_list em R(y+2)> <código para segunda exp de exp_list em R(y+3)> ... CALL Ry <tamanho de exp_list + 2> 2 MOVE Rx Ry
Se for um sufixo de indexação e o alvo for Rx o código tem o seguinte esquema (você deve reservar Ry e Rz antes de gerar o código das subexpressões):
<código para lado esquerdo em Ry> <código para exp em Rz> GETTABLE Rx Ry Rz
A geração da maioria das expressões binárias e das expressões
unárias é semelhante à de TINY (ao contrário de TINY,
você pode usar a instrução DIV
para divisão). A instrução
CONCAT
, para concatenação de strings, funciona de modo um
pouco diferente, e deve usar o seguinte esquema (assumindo o alvo em
Rx, você deve reservar Ry e R(y+1) antes de gerar as subexpressões):
<código para o lado esquerdo em Ry> <código para o lado direito em R(y+1)> CONCAT Rx Ry R(y+1)
O código para o operador new
usa o seguinte esquema,
novamente assumindo que Rx é o alvo (você deve reservar
Ry, R(y+1), etc. antes de gerar o código das subexpressões):
GETGLOBAL Ry __GOSSIP_NEW LOADK R(y+1) <nome da classe> <código para primeira exp de exp_list em R(y+2)> <código para segunda exp de exp_list em R(y+3)> ... CALL Ry <tamanho de exp_list + 2> 2 MOVE Rx Ry